sábado, 5 de junho de 2010

Novos compositores buscam espaço


O sonho adolescente de ser um ídolo da música pop entusiasma garotos e garotas a tentarem trilhar o caminho do estrelato. O primeiro passo é formar uma banda de garagem para tocar cover de seus ídolos. O segundo é se arriscar a compor. Influenciados por bandas como Restart e Cine, da nova tribo chamada happy rock, jovens de Uberlândia se aventuram por composições que expressam, em ritmo alegre, dores e conflitos sentimentais de quem ainda não chegou aos 18 anos.

O visual da banda G7!, de Uberlândia, atraiu olhares desconfiados de pedestres na avenida Floriano Peixoto, onde a entrevista e a sessão de fotos para o CORREIO foram feitas. Os quatro garotos misturam tênis em cores flúor, calças justíssimas com camisetas coladas em tons fortes, cabelos espetados e piercings variados pelo corpo.

A banda é formada pelos irmãos Ilti (vocal) e Guilherme (guitarra), além dos primos Arthur (baixo) e Ariel (bateria), com idades que variam dos 16 aos 19 anos. Todos eles compõem as letras e melodias, mas nos shows que fazem para divulgar o grupo, covers de bandas como Cine, Fresno, Restar e NxZero são indispensáveis. O nome vem da junção de “Generation” (geração, em inglês) com o número sete, que na numerologia é o símbolo do novo e da sabedoria.

O visual diferente também chama a atenção de garotas, que já montaram um fã clube com 476 membros em uma comunidade virtual. “Já fui mordido por uma menina em cima do palco. Elas beliscam, querem arrancar a sua roupa, roubar beijo. Nós adoramos o assédio, mas relação amorosa não rola com fã”, afirmou Guilherme, 19 anos, o mais velho da turma, justificando que isso é ter postura profissional.

Público

A estética, segundo o grupo, reflete o espírito da banda – eles tocam happy rock, variedade oposta ao visual preto, branco e cinza dos emos, tribo que já não faz mais a cabeça dos jovens mais antenados. O som, contudo, continua falando de amor.

Mas de uma maneira diferente, como explica o baterista Ariel. “Se eu quero uma menina e ela não me quer, isso pode se transformar em uma música. Mas não preciso ser melancólico no ritmo. Tocamos músicas teoricamente tristes, mas com uma levada para cima, para as pessoas dançarem, se divertirem e esquecerem essa tristeza”, disse.

O som tem atraído fãs. A filha do técnico de som do London Pub, Zenon Alves Silva, o levou para ver o show dos meninos e ele os levou para tocar na casa noturna. O público, segundo a banda, foi de 450 pessoas. “Nem sabíamos que tínhamos tantos fãs. Foi muito legal, porque não queremos ser iguais, temos uma onda diferente e atrair tanta gente para o nosso estilo é muito bom”, afirmou.

Prislla Bianca gravou o primeiro EP

Prislla Bianca escreve, toca e canta as próprias músicaS

Com alargadores nas orelhas, pulseiras coloridas, um violão à tiracolo e atitude rocker, a estudante Prislla Bianca também procura o seu lugar no mundo da música, aos 14 anos. Desde os 8 brincava de tocar violão. Com a ajuda da internet, aprendeu os acordes básicos para tocar músicas que gostava. Com o tempo, se arriscou a formar versos que deram origem às primeiras composições, presentes em um EP gravado no ano passado, em uma sonoridade pop.

Todas as músicas falam de amor, relacionamentos e sofrimento. Mas ela afirma que ainda não são fatos vividos por ela. “Sou muito observadora. Se vejo alguém passando por alguma coisa assim, logo vem algo na cabeça. Pego o violão e a música vem. É um processo rápido”, disse.

Com o suporte do padrasto, Edivânio Ferreira Santos, ela registrou todas as músicas e enviou o EP “Um Sonho Lindo de Amor”, com seis músicas, para empresários de São Paulo. “Esperamos que algum deles goste e invista. Mas vou deixar as coisas acontecerem. Não adianta tentar viver no futuro, meu foco é no presente. O meu plano é dominar o mundo”, afirmou, em tom de brincadeira. “Para isso, estou ensaiando muito e tentando levar o meu trabalho para todos os lugares”, disse.
Prislla ainda não tem banda, mas quer uma. “São duas tradições que eu quero seguir. A primeira é tocar em barzinho e a segunda é fazer parte de uma banda. Quero pessoas da minha idade e que curtam o mesmo som que eu”, afirmou.

Internet

A internet é uma ferramenta que ajuda a lançar novos músicos. Por isso, estar na rede é obrigatório para quem pensa em levar a sério e construir uma carreira musical. Os uberlandenses também pensam assim. Os garotos da G7! têm site no portalBandas de Garagem e querem contratar um webdesigner para montar o Myspace, que lançou ídolos como Mallu Magalhães e Fake Number. “Estamos investimos e acreditamos no nosso dom. Vamos levar a nossa música para o maior número de pessoas possível”, disse Guilherme.

A cantora Prislla Bianca também lança mão das facilidades da internet. Já tem, por exemplo, uma montagem no YouTube. Ela também está no Orkut e Twitter, por meio de onde mantém contato com outros jovens compositores. “Converso, troco ideias e mostro a minha música. É muito importante”, afirmou ela.

Happy Rock

A moda seguida pelos jovens uberlandenses vem de grupos brasileiros como Hori (do cantor Fiuk, astro da série Malhação, da Rede Globo), Fake Number, Cine e Restart.

Da tribo emo, que dominou a cena por algum tempo, eles trazem as franjas coladas sobre a testa, cabelos repicados e coloridos e a referência ao hardcore, numa levada de rock com pesadas guitarras. A diferença é o colorido das roupas, que parecem ter sido trazidas dos anos 80 – quanto mais vibrantes e escandalosas, melhor.

As letras das composições continuam com o tema sobre amor e relacionamentos afetivos, mas já não lembram composições sertanejas, com tons dramáticos e melancólicos como no emocore. Elas levam alegria.

A atitude dos happies também é antagônica a dos emos. Enquanto a turma anterior era triste e sensível, a atual está por conta de se divertir. Mas as novas bandas continuam a atrair sobretudo o público feminino. Elas formam legiões de fanáticas que marcam presença em shows, perseguem os músicos, choram e gritam pelos meninos.

O comportamento incontrolável das fãs quase causou tumulto em uma tarde de autógrafos da banda Restart em uma livraria, em São Paulo, em abril, que acabou sendo cancelada por causa do grande número de pessoas que se aglomeraram na entrada da loja. Em protesto pelo cancelamento, muitas picharam muros no entorno da livraria. A banda, em resposta, compôs uma música para pedir desculpas a elas.

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